Entrevista com José Gil
José Gil, autor de Portugal Hoje: o medo de existir, responde às perguntas da "Grande Reportagem" de 26 de Novembro de 2005:
Portugal tem medo de existir?
De uma meneira geral, os portugueses têm. Mais em certos domínios do que noutros.
Qual o domínio em que têm mais?
Exercício da liberdade individual e cívica.
Três traços da mentalidade portuguesa?
O queixume em relação ao País. A inveja. A tendência à não inscrição, de que falo ao longo do livro.
Os portugueses esperam ainda um D. Sebastião?
Pergunta curiosa... Não há um messianismo activo como, por exemplo, no Brasil. Porém, há qualquer coisa que se dissemina no espírito dos portugueses e que tem a ver com uma espera. Espera-se que aconteça, espera-se que...
Quem espera sempre alcança.
Pois claro, talvez haja ainda um pouco de sebastianismo...
Vivemos numa sociedade mediocrática. Os media substituem a trilogia Fátima, fado e futebol?
Não, não. O futebol continua em força. Há demasiado futebol. As pessoas deviam conversar sobre outras coisas. O futebol veio ocupar o espaço da conversa sobre a vida, sobre o que acontece. Durante o 25 de Abril não havia futebol, só política. Hoje, fala-se demasiado sobre futebol. Os media ocuparam um lugar que não chegou a ser preenchido, o do espaço público real que me parece estilhaçado num arquipélago, há ilhas de discussão, o resto é buraco negro.
O que acha da campanha para a Presidência?
Não corresponde ao que Portugal precisa... Estas duas candidaturas (Cavaco e Soares) não têm abertura com carácter de inovação. É preciso abrir as mentalidades, os espíritos. É preciso que o português se olhe sem complexos.
Portugal conseguirá levantar-se?
Não sei e acho que pouca gente sabe.
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