AS CRISES GERADAS PELA DESOBEDIÊNCIA - Jonas 4.
Identifico-me imenso com Jonas, não só pela sua negligência, mas também pelo facto de ver um missionário em crise.
Depois de, finalmente, obedecer contrariado à convocação de Deus e ver, de imediato, muitos frutos de seu trabalho (o que nem sempre é possível no serviço cristão), Jonas entra em crise, a que chamo de crise espiritual (ou crise ministerial), por não ver suas expectativas atendidas. Jonas encontra-se frustrado, decepcionado, com aquilo pelo qual Deus lhe chamara a fazer e pelos resultados desta acção. Na verdade não era aquilo que ele gostaria de estar a fazer e de ver ao final a salvação daquele povo; a sua insatisfação chega a um ponto que ele desiste e abandona Nínive. Jonas desiste de estar no centro da vontade de Deus. Jonas desiste de viver na plenitude da obediência e fazer sim aquilo que lhe convém. Jonas desiste de ser participe da obra de Deus.
Esta atitude de Jonas é muito grave, pois Jonas desiste de um dos tripés que sustentam uma vida cristã frutífera, quais sejam a oração-comunhão com Deus, a meditação na Bíblia e o serviço cristão em amor. Os três interligam-se e dependem um do outro. Não há como ser um cristão frutífero sem viver estas três bases. Jonas abre mão do serviço, deixando-o incompleto. A crise espiritual não fica incólume, por certo ela irá gerar a segunda crise, a crise existencial.
O afastamento da vontade de Deus, a falta de compromisso com as coisas de Deus, a não participação no serviço do Reino, por certo nos deixará vulneráveis às circunstâncias, fazendo-nos reféns das situações adversas da vida, o que leva-nos a tristezas, mágoas, depressões, etc. No caso de Jonas, o aparecimento e súbito desaparecimento de uma simples planta leva-o a desistir da vida. O agravamento da crise pode levar o homem não só a desistir da vida, como aconteceu com Jonas, mas também a uma baixa auto-estima que despreza seu corpo, sua mente, sua alma, suas emoções.
A experiência de Jonas é bem actual, o afastamento de Deus pode levar-nos a tamanhas decepções, a tal ponto de desejarmos a morte – a crise espiritual. Esta pode levar-nos a super-valorizar as circunstâncias adversas da vida, a tal ponto também de desejarmos a morte – a crise existencial.
Vemos hoje uma multidão de pessoas vivendo esta crise. Consultórios de psicólogos e psiquiatras lotados. Cristãos deprimidos, vivendo uma vida sem cor, sabor e perfume.
Aprendemos com a experiência de Jonas que a falta de viver no centro da vontade de Deus leva a crises existenciais. Ou aprendemos que a solução para os problemas existenciais deste mundo pós-moderno passa por viver na plenitude da vontade de Deus.
Pensemos: Que crise estou a atravessar? Quais atravessei? Estou a viver no centro da vontade de Deus?
É uma questão de decisão pessoal. Fico como estou ou vou para o centro da vontade de Deus, comprometido com Ele?
Decidamos. (SM - resumo do culto colectivo de 23/10)