FIM DO MUNDO AQUI TÃO PERTO
A mãe Edina e os seus cinco filhos - Carlitos, Euclides, Lizandra, Susana e Jenise - morreram ontem consumidos pelo fogo, encurralados numa barraca do Fim do Mundo...Pobreza e desgraça antigas e continuadas, da Guiné-Bissau para o Fim do Mundo europeu...
No Fim do Mundo pára a cidade. Deixa de haver asfalto na estrada, fornecimento de água, electricidade, saneamento, recolha de lixo. No Fim do Mundo não há cidade. Não há cidadãos. São as tragédias que nos acordam para os fins de mundo, afinal aqui tão perto! Não é de hoje. É de sempre...
No Fim de Mundo português as baixadas de electricidade provocam muito curto-circuito, os bombeiros chegam tarde, falta água, o crime campeia, é preciso pôr grades nas portas e nas janelas. No Fim do Mundo uma mãe e cinco filhos não puderam ser socorridos a tempo, ficaram encurralados pelas grades da sua insegurança.
O Fim do Mundo só é notícia de morte. Maria Gaivão, que ajuda as famílias do bairro há mais de 20 anos, disse ontem que os culpados desta desgraça continuada "somos todos os que convivemos com indiferença" à miséria.
Parte deste Fim do Mundo já foi realojado. Edina e os seus filhos estavam "prestes" a ser realojados. Prestes a deixar o fim do mundo na Guiné, prestes a deixar o Fim do Mundo em Cascais. Sempre "prestes"...
No Fim do Mundo não há eleições autárquicas. Há muitas pessoas sem direitos. Sempre "prestes" a ser realojadas. Sempre à espera da cidade prometida...
(trechos do artigo de António José Teixeira publicado no DN de hoje)
No Fim do Mundo pára a cidade. Deixa de haver asfalto na estrada, fornecimento de água, electricidade, saneamento, recolha de lixo. No Fim do Mundo não há cidade. Não há cidadãos. São as tragédias que nos acordam para os fins de mundo, afinal aqui tão perto! Não é de hoje. É de sempre...
No Fim de Mundo português as baixadas de electricidade provocam muito curto-circuito, os bombeiros chegam tarde, falta água, o crime campeia, é preciso pôr grades nas portas e nas janelas. No Fim do Mundo uma mãe e cinco filhos não puderam ser socorridos a tempo, ficaram encurralados pelas grades da sua insegurança.
O Fim do Mundo só é notícia de morte. Maria Gaivão, que ajuda as famílias do bairro há mais de 20 anos, disse ontem que os culpados desta desgraça continuada "somos todos os que convivemos com indiferença" à miséria.
Parte deste Fim do Mundo já foi realojado. Edina e os seus filhos estavam "prestes" a ser realojados. Prestes a deixar o fim do mundo na Guiné, prestes a deixar o Fim do Mundo em Cascais. Sempre "prestes"...
No Fim do Mundo não há eleições autárquicas. Há muitas pessoas sem direitos. Sempre "prestes" a ser realojadas. Sempre à espera da cidade prometida...
(trechos do artigo de António José Teixeira publicado no DN de hoje)